Ana Raimundo, presidente da SPO
A Sociedade Portuguesa de Oncologia elaborou um conjunto de medidas que visam proteger e informar os doentes com cancro.
"Tendo em consideração que as doenças oncológicas são doenças crónicas, e os tratamentos oncológicos diminuem o sistema imunológico, os doentes com cancro passam a constituir uma população particularmente vulnerável à infecção pelo COVID-19, e parece que com maior susceptibilidade de virem a desenvolver complicações", refere Ana Raimundo, presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia.
As pessoas que correm maior risco de doença grave por COVID-19 são os idosos e pessoas com doenças crónicas (ex.: doenças cardíacas, diabetes e doenças pulmonares).
Os doentes portadores de doenças oncológicas, que são doenças crónicas e que diminuem a capacidade de resposta do sistema imune, também parecem ter maior risco de complicações, mas tal já acontece com outras infeções.
A capacidade deste vírus de infetar o Homem é muito recente, razão pela qual não se sabe ao certo se os doentes oncológicos estão mais propensos a desenvolverem a infeção do que a população em geral. Relativamente à questão se os doentes com cancro estarão mais suscetíveis de terem complicações graves, um estudo realizado na China sugere que sim, mas a mediana de idades dos doentes com cancro era significativamente superior à da população sem o diagnóstico de cancro: 63.1 anos versus 48.7 anos.
O que é que as pessoas em risco de doença grave por COVID-19 devem fazer?
Para Ana Raimundo, "Este maior risco de complicações obriga os doentes e seus familiares a cumprirem de forma ainda mais rigorosa os protocolos de protecção e de diminuição de contactos com outras pessoas". Segundo a presidente da SPO, os doentes e familiares devem seguir de forma ainda mais estrita as recomendações para a população geral:
Permanecer no seu domicílio o máximo de tempo possível nesta fase:
- tomar precauções diárias, mantendo a distância de outras pessoas
- afastar-se de pessoas doentes quando sair
- limitar o contacto próximo
- lavar frequentemente as mãos
- evitar multidões.
Se houver um foco da doença na sua comunidade, evite o contacto próximo com pessoas e, se possível, mantenha-se em casa. Preste atenção aos sinais e sintomas. Se ficar doente, permaneça em casa e ligue para o SNS24 ou para o seu médico assistente.
Qual a importância do uso da máscara?
À data, segundo o site da DGS, o uso de máscara para proteção individual, está indicado para:
- suspeitos de infeção por COVID-19
- pessoas que prestem cuidados a suspeitos de infeção por COVID-19.
Alerta-se para que o uso de máscara de forma incorreta pode aumentar o risco de infeção, por estar mal colocada ou devido ao contacto das mãos com a cara. A máscara contribui também para uma falsa sensação de segurança.
No entanto, para os doentes oncológicos em tratamento ativo e imunossupressor, o uso de máscara é importante para proteção contra outros agentes infeciosos, nomeadamente bactérias, pelo que se recomenda o seu uso. No entanto, deve ser efetuado o ensino aos doentes sobre o modo correto de colocação e remoção. O doente deve também ser instruído de que a máscara não protege completamente, devendo manter a distância suficiente a outras pessoas e não tocar na face externa da máscara, e devendo lavar imediatamente as mãos antes e após a sua remoção. A máscara não deve ser reutilizada.
Serão cancelados tratamentos no hospital ou consultas de vigilância?
Os doentes assintomáticos e sem história de contacto direto com indivíduo infetado podem continuar os seus tratamentos sem alterações. Contudo, o seu oncologista pode considerar adaptar o regime do tratamento ou até mesmo suspender se a doença estiver controlada e o benefício de manter o tratamento for inferior ao risco de contrair COVID-19. Alguns tratamentos como transplantação de medula podem mesmo ser adiados de acordo com decisão do médico assistente e fase da pandemia.
Se os doentes estiverem em vigilância, e sem sintomas, é pertinente considerar adiar o agendamento da consulta substituindo o agendamento por uma chamada telefónica caso isso não seja da iniciativa do centro / unidade de oncologia. Evitar deslocações ao hospital, reduz o risco de adquirir a infeção.
Caso mantenha agendamento, esteja preparado para respeitar diferentes rotinas relacionadas com a promoção de rastreio de casos suspeitos e distanciamento profilático.
Tenho Cancro. E depois? é um projeto editorial da SIC Notícias com o apoio da Médis.
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