PHDA: o que é e como a meditação pode ajudar?

Atualizado a 19 março 2019

A perturbação de hiperatividade com défice de atenção (PHDA) é uma das condições mais comuns entre crianças e adolescentes. No entanto, pode acompanhar o crescimento e manter-se na idade adulta.

Esta condição afeta o quotidiano de quem dela sofre. Contudo, existem estratégias terapêuticas que permitem controlar alguns dos sintomas. Estratégias que se aprendem e que podem ser uma arma fundamental para “dominar” a PHDA.

Fique a conhecer o que é esta perturbação, quais as abordagens terapêuticas e como terapias como a meditação ou o ioga podem ajudar.

O que é a PHDA?

Défice de atenção, hiperatividade, reações impulsivas. Estes são comportamentos típicos desta perturbação que afeta entre 5% a 8% das crianças em idade escolar e cerca de 2,5% dos adultos.

Existem várias condicionantes da definição desta perturbação. Além de os sintomas serem eminentemente comportamentais, o diagnóstico depende de quem avalia. Normalmente, as crianças não são as melhores fontes de avaliação. Por outro lado, o nível de tolerância dos adultos e as comparações com outras crianças criam aqui também algum viés no diagnóstico. Além destes fatores, muitas crianças têm na escola e em casa comportamentos distintos.

Não existe cura para a PHDA. No entanto, existem estratégias, além das terapias medicamentosas, que ajudam a ultrapassar os sintomas e a promover a funcionalidade.

Sintomas

Existem uma série de sintomas da PHDA. Nas crianças, estão divididos em três categorias:

Défice de atenção

A criança distrai-se com uma frequência anormal.
Incapacidade de seguir uma orientação ou terminar uma tarefa.
Quando se lhe dirige a palavra não dá sinais de estar a ouvir ou de prestar atenção.
Não toma atenção ao que está a fazer e é desastrada.
Esquece-se das suas tarefas e tem dificuldades em organizar-se.
Não gosta de atividades em que tenha de estar quieta.
Perde os seus pertences com frequência.
Tendência para “sonhar acordada”.

Hiperatividade

Sempre que se senta não consegue parar quieta.
Não consegue ficar sentada durante muito tempo.
Tem dificuldade em brincar de forma tranquila.
Está sempre a mexer-se, seja a correr ou a trepar para cima de alguma coisa.
Fala num ritmo excessivo.

Diagnóstico

O diagnóstico da PHDA é, na maior parte dos casos, fruto de uma análise multidisciplinar que inclui o pediatra, psicólogo ou psiquiatra com experiência nesta perturbação. Para corresponder a este quadro clínico a pessoa deve apresentar os sintomas de modo crónico e duradouro no tempo. Devem ser observados também fatores como dificuldades no desenvolvimento, sobretudo nas crianças. No caso dos adolescentes, um diagnóstico de PHDA deve estar enquadrado por sintomas manifestados antes dos 12 anos.

De modo geral, os primeiros sintomas são visíveis entre os 3 e os 6 anos, podendo prolongar-se pela adolescência e vida adulta. Muitas vezes, os sintomas de PHDA são confundidos por questões emocionais ou disciplinares ou, por outro lado, completamente ignorados em crianças que tenham um “bom comportamento”.

Os sintomas alteram-se ao longo dos anos. Nas crianças, a hiperatividade e a impulsividade são os mais comuns. A partir do momento em que a criança chega ao primeiro ciclo o défice de atenção torna-se predominante, causando dificuldades de aprendizagem. Na adolescência a hiperatividade diminui, apesar do défice de atenção e da impulsividade se manterem, potenciando comportamentos desviantes e antissociais. O défice de atenção, inquietação e impulsividade normalmente persistem na idade adulta.

Mitos sobre a PHDA

Vale a pena desmitificar algumas ideias sobre as causas desta perturbação. O açúcar não é responsável por PHDA, nem o excesso de televisão. Do mesmo modo, esta condição não é decorrente de um ambiente familiar pouco saudável, de uma educação deficiente na escola ou de alergias alimentares.

A PHDA não pode ser prevenida nem curada. No entanto, se for precocemente detetada, pode ser alvo de um tratamento eficaz que possa ajudar a controlar os sintomas.

Terapia comportamental

Esta é uma abordagem de cariz psicoterapêutico, que pode ajudar a pessoa a alterar o seu comportamento. O objetivo é ensinar a pessoa monitorizar-se e a reconhecer os sinais de PHDA, assim como a premiar-se sempre que consiga controlar o seu comportamento.
Todas as pessoas próximas podem ajudar, desde os pais e família aos professores e amigos mais próximos, mostrando agrado ou desagrado com alguns comportamentos, de modo construtivo (e paciente).

Este ciclo íntimo, em conjunto com o psicoterapeuta, pode ainda ajudar a estabelecer regras e competências sociais como:

esperar a sua vez
partilhar brinquedos
pedir ajuda
responder a uma chamada de atenção
aprender a reconhecer expressões faciais e tons de voz nos outros
aprender a responder apropriadamente.

Ioga ajuda a controlar os sintomas

Por outro lado, o ioga também demonstrou os seus efeitos benéficos no controlo de sintomas de PHDA, tendo a maior parte dos estudos incidido em crianças. Tal como a meditação eleva os níveis de dopamina e fortalece as ligações do córtex pré-frontal.
Um estudo, que levou crianças a praticar movimentos de ioga durante 20 minutos, duas vezes por semana e durante oito semanas, obteve melhorias em testes de medição da atenção e da capacidade de concentração.

A maior parte das pessoas com PHDA tem tendência a ser muito autocrítica. Técnicas como a meditação e o ioga ajudam a baixar os níveis de stress e a prevenir a ansiedade, fatores que espoletam os sintomas.

Vantagens da meditação e do ioga face à medicação

De acordo com o estudo Mind-Body Therapy for Children with Attention-Deficit/Hyperactivity Disorder, terapias como a meditação, ioga, tai-chi, ou a prática de meditação mindfulness, não apresentam qualquer tipo de risco ou efeitos secundários. Não existem custos associados a estas abordagens, além do treino necessário para aprender estas técnicas ou para frequentar as sessões, podendo ser executadas em casa ou na escola.

No caso da meditação ou do mindfulness, são práticas que podem ser executadas em qualquer local. Por outro lado, podem não só minimizar os sintomas de PHDA, graças ao tipo de atividade cerebral, mas também porque desenvolvem a capacidade de concentração focada numa ação específica como respirar. Outra grande vantagem é que os pais que praticam meditação, mindfulness ou ioga podem ensinar aos filhos estas técnicas para que, deste modo, possam aprender a controlar os sintomas de PHDA e a retomar, autonomamente, um desenvolvimento saudável.

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